quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Sonhos de Vidro

Parece que a têmpera usada nos novos sonhos de vidro que tive não foi forte o bastante pra suportar tanto impacto. Não sei como aconteceu, eu não me lembro de ter deixado tudo cair no chão, mas aconteceu. Mas tudo vai ficar bem, eu entendo bem de sonhos findos. É o risco de quem se entrega ao devaneio do brilho do vidro que envolve todos aqueles venustos horizontes que jamais chegariam, mas que, felizmente, estiveram bem perto.

Outra vez o destino me dá correntes de lembranças, de vida que logo será lembrança, pra que eu arraste pelos corredores vazios da alma, como um fantasma condenado a assombrar, solitário, o âmago da tristeza que sempre lhe foi companhia. E, nesse momento, eu chego à conclusão de que tudo foi sempre um castelo de cartas, impotente perante qualquer brisa, e que jamais se faria forte perto de alguém que sempre foi tormenta.

A frágil solidez do vidro representa exatamente a força bastante débil que carrego dentro de mim. E a força do bronze está ali, pra lembrar a força que tenho pra buscar a felicidade, aquele amor que sempre busquei, que tenho, ou tive. Utopia. Mas eu admito, não é nada fácil ter felicidade com data pra terminar, não é prazeroso ter que começar tudo outra vez a cada período temporal que - nossa! - passa sempre tão rápido.

E nesse momento eu me resto em preparativos pra partir - será? - outra vez e, quem sabe, encontrar a felicidade em alguma estação de trem, em alguma outra cidade, talvez outro sonho de vidro, ou uma série deles. E lágrimas? Bom, sem elas. Desta vez eu levo um sorriso, mesmo que dolorido e carregado de resquícios de saudade, mas certamente com muito mais alegria por ter tido a oportunidade de saber coisas maravilhosas da vida, e de levar comigo uma nova vida.

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