segunda-feira, 23 de julho de 2012

Aceita?

Se eu pretendo me casar com você? Sim, pretendo. Por que? É simples: você é o amor da minha vida. Porque foi você quem chegou me dando esperanças para o futuro, você, com o seu sorriso lindo e vibrante, chegou me tirando daquele lugar, onde eu não conseguia contemplar um futuro de felicidade e sorrisos largos proporcionados somente por um sentimento puro e verdadeiro. Com essa sua doçura você me resgatou, me trouxe à tona, me salvando do afogamento que era iminente enquanto eu me perdia naquele vazio.

Sabe, minha princesa, não sei como, nem quando aconteceu, simplesmente aconteceu, sem motivos, sem tempo, tudo ao acaso. E que acaso maravilhoso esse que me fez ter a minha plenitude de volta, acaso que me trouxe o amor, que me trouxe de volta a vontade de viver, de sorrir, de ter as pernas bambas e o coração aos pulos. Acaso que me mostrou a veracidade do que dizia o poeta: como é bom morrer de amor, e continuar vivendo.

E desse jeito, e por todas essas coisas - nossas coisas - é que eu tive coragem de morrer de amor, de me entregar a ti, e deixar teus passos serem também os meus passos, e deixar a tua vida ser também a minha vida. E por todas essas nossas coisas, é que eu vou te fazer feliz, e tive vontade disso desde a primeira vez em que te vi, com teu batom rosa que me pintou toda a boca, e que me deixou feliz por saber que ele estava ali por causa do encontro dos nossos lábios.

terça-feira, 17 de julho de 2012

Anjo


                Talvez, nesses últimos dias, eu tenha chegado de vez ao ápice da minha loucura. Sou obrigado a admitir que tenho acreditado em contos de fadas, e histórias de príncipes e princesas, e, te juro, eu me imaginei em cima de um cavalo branco, te salvando da torre de um castelo. Pensei, por uns instantes, que estava voltando a ser adolescente, mas, não, estou voltando à infância mesmo, ao primeiro resquício de sentimento, à primeira paixãozinha, tão inocente, mas ao mesmo tempo tão doce e verdadeira.
                Não posso denominar loucura àquelas coisas que resgataram as tão perdidas frases de amor que eu pensei em dizer a alguém, um dia. Seria loucura, de fato, chamar de devaneio o simples desejo de estar entre teus braços, e te deixar permanecer nos meus abraços até que a luz do sol nos envolva, numa manhã fria de inverno que tenha por único ponto de calor o encontro dos nossos corações.
                Correndo o risco de parecer um tolo, eu vim aqui, confessar o que sinto por ti, pois aprendi com as chegadas e partidas da vida que não tenho todo o tempo do mundo pra demonstrar meus sentimentos. E desse meu jeito meio enrolado, e tentando ser engraçado, eu quero te dizer, guria, que você é mais do que eu esperava encontrar nesse momento, quando tudo parecia não fazer lá muito sentido. Porque eu quero manter no olhar o brilho, dos olhos de um menininho que contempla sua primeira namoradinha, que recobrei no momento que te conheci, meu anjo.

domingo, 15 de julho de 2012


                Com o pensamento em ti, folheando um livro da Martha Medeiros que ganhei de dia dos namorados, puxo mais pra perto de mim o aquecedor, que tenho ligado durante horas intermináveis nestas noites frias que tem se feito na minha cidade, na minha casa, no meu quarto e, por que não também confessar que, no meu coração, tão abalado e descrente de tudo. Curioso, nem foi você quem me deu o livro, nem existe um motivo óbvio pra lembrar-me do teu sorriso enquanto o leio.
                E, bem, o aquecedor tem feito o papel do teu abraço em alguns momentos. Bobagem. Nem bem sei se teu abraço é quente, ou não, se é dotado de um calor tão confortante quanto o do aquecedor aqui, talvez teu abraço seja menos artificial, sou dado a essas ilusões mesmo, esses pensamentos, criações de hipóteses apoteóticas de momentos quase que impossíveis, mas tão indeléveis na minha mente, e nos meus mais profundos desejos.
                Mas quero te contar do livro, guriazinha, andei me reconhecendo nele, e em cada página uma bofetada me atinge, como se ali estivessem escritos todos os meus erros, minhas inconstâncias, minha brutalidade para com aquelas pessoas que se aproximaram de mim há algum tempo. Mas como tudo tem um lado bom, meu bem, também pude observar um amadurecimento, ainda pouco, mas já perceptível a olho nu. Certamente eu não conseguiria identificar e admitir tais defeitos antes.
                Enquanto o pequeno utensílio sopra um bafo quente ao meu rosto, me perco aqui por dentro, tendo um pequeno devaneio agridoce, pensando em como seria bom te envolver em meus braços, pelo mais curto espaço de tempo que fosse. Queria eu ter tido coragem de dar um “oi” e um sorriso em tua direção quando ainda me sentia capaz de conquistar alguém, de uns meses pra cá, tenho a impressão, perdi meu instinto “conquistador”. Outra bobagem, nunca o tive de veras.
                Então, meio desajustado em mim, vou tentando te cercar da forma menos atemorizante possível, pois decidi ter contigo a paciência que não tive com nenhuma outra até agora. Sortuda, você. E eu também. Certamente perderia todas as chances se tivesse chegado aos teus dias da forma intempestiva que costumava usar em tempos passados. Encontrar você, mesmo que vagarosamente, é o que me importa agora. Mesmo que tenha que ir duas ou mais vezes até o espaço, só pra te presentear com uma estrela, e ser merecedor do teu abraço, aposentando de vez o aquecedor que já anda cansado de me fazer companhia.

sexta-feira, 13 de julho de 2012


                É que à noite bate uma tristeza tão profunda, minha querida. Um sentimento inexplicável de solidão, um aperto no coração, na alma, nos olhos, que me faz chorar, perder o tino, a calma, e é nesse momento que a vontade de viver, assim como o ar, começa a ficar rarefeita. Enquanto o cigarro queima ao meu lado, o café esfria ao mesmo passo, parece que o relógio desacelera, o frio fica mais intenso. Como tá gelado aqui!
                O mundo vai girando, as coisas vão acontecendo, ou não, e talvez seja esse o problema, nada acontece, aquela velha história de que tudo muda começa a não fazer muito sentido, e eu perco os sentidos enquanto me perco na viagem pelos sentimentos perdidos, abraços, beijos, lágrimas, sorrisos, tudo some, vai-se embora como a névoa que o sol desfaz.
                Meu coração se acelera enquanto fico aqui desnorteado a lembrar de coisas que não aconteceram, a esperar por pessoas que não fizeram compromisso de vir. Não é nessa estação que o meu trem passa, estou perdido. Torpemente silenciado pelas emoções que coloquei pra fora sem pensar, engraçado, meu bem, eu sempre fui assim: fiz, depois pensei. Agora o descompasso me toma, não sei se a alma se acelerou ou se as artérias estão se inflando mais e mais a cada minuto pela pulsação forte do que me faz viver – ou me tira o júbilo que isso teve, um dia.
                Tristeza, saudade, falta de ocupação, não sei o que se passa. Ou a família me desamparou, bobagem! Nunca cobrei esse amparo deles, grande erro. Talvez por ter procurado abrigo onde nunca existiu sequer um caco de telha pra me proteger da tempestade que é esse mundo, tão docemente cruel. A música vai me tomando, aos poucos surge um novo descompasso, regendo a tormenta de pensamentos que me vem à cabeça neste momento.
                E assim eu vou terminando mais uma noite, acompanhado por uma sutil solidão – grande companheira no inverno – enquanto penso nos amores perdidos, e naqueles que nem cheguei a conquistar, que foram os mais doloridos, pois foram os que mais receberam de mim, todas aquelas coisas boas que estavam enterradas aqui dentro, bem fundo, e que foram jogadas às traças, sem piedade, sem ter, pelo menos, um sorriso agradecido e piedoso.