domingo, 15 de julho de 2012


                Com o pensamento em ti, folheando um livro da Martha Medeiros que ganhei de dia dos namorados, puxo mais pra perto de mim o aquecedor, que tenho ligado durante horas intermináveis nestas noites frias que tem se feito na minha cidade, na minha casa, no meu quarto e, por que não também confessar que, no meu coração, tão abalado e descrente de tudo. Curioso, nem foi você quem me deu o livro, nem existe um motivo óbvio pra lembrar-me do teu sorriso enquanto o leio.
                E, bem, o aquecedor tem feito o papel do teu abraço em alguns momentos. Bobagem. Nem bem sei se teu abraço é quente, ou não, se é dotado de um calor tão confortante quanto o do aquecedor aqui, talvez teu abraço seja menos artificial, sou dado a essas ilusões mesmo, esses pensamentos, criações de hipóteses apoteóticas de momentos quase que impossíveis, mas tão indeléveis na minha mente, e nos meus mais profundos desejos.
                Mas quero te contar do livro, guriazinha, andei me reconhecendo nele, e em cada página uma bofetada me atinge, como se ali estivessem escritos todos os meus erros, minhas inconstâncias, minha brutalidade para com aquelas pessoas que se aproximaram de mim há algum tempo. Mas como tudo tem um lado bom, meu bem, também pude observar um amadurecimento, ainda pouco, mas já perceptível a olho nu. Certamente eu não conseguiria identificar e admitir tais defeitos antes.
                Enquanto o pequeno utensílio sopra um bafo quente ao meu rosto, me perco aqui por dentro, tendo um pequeno devaneio agridoce, pensando em como seria bom te envolver em meus braços, pelo mais curto espaço de tempo que fosse. Queria eu ter tido coragem de dar um “oi” e um sorriso em tua direção quando ainda me sentia capaz de conquistar alguém, de uns meses pra cá, tenho a impressão, perdi meu instinto “conquistador”. Outra bobagem, nunca o tive de veras.
                Então, meio desajustado em mim, vou tentando te cercar da forma menos atemorizante possível, pois decidi ter contigo a paciência que não tive com nenhuma outra até agora. Sortuda, você. E eu também. Certamente perderia todas as chances se tivesse chegado aos teus dias da forma intempestiva que costumava usar em tempos passados. Encontrar você, mesmo que vagarosamente, é o que me importa agora. Mesmo que tenha que ir duas ou mais vezes até o espaço, só pra te presentear com uma estrela, e ser merecedor do teu abraço, aposentando de vez o aquecedor que já anda cansado de me fazer companhia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário