terça-feira, 5 de junho de 2012


                Eu chorei, eu não posso negar que sim, eu chorei. Aquele dia foi como se tudo tivesse acabado, e eu sentei no sofá, pensei um pouco em tudo que havia acontecido minutos antes, e logo uma lágrima rolou, e depois disso, meu bem, tudo despencou de verdade. Sonhos, ilusões, sentimentos que deram vida à saudade que trago agora. E restou uma angústia e um cigarro que ando carregando por aí, como se arrastasse correntes de existência pesada, dolorida e insensata.
                Mas eu decidi ir em frente, outra vez, erguer a cabeça e seguir. É claro que eu chorei, meu bem, um dia a gente tem que deixar de ser forte, descer do pedestal de pedra onde nos entrincheiramos, e deixar que a dor saia de dentro do peito, mesmo queimando o rosto, mesmo destruindo a fisionomia, é melhor que saia de uma vez, porque não se deve guardá-la, e porque eu decidi ter comigo apenas coisas boas, coisas que o tempo não leve e que o egoísmo não destrua.
                Eu decidi deixar pessoas na minha história, mas na história que passou, naquilo que vai ficar na memória, pequenas coisas, momentos, minutos, beijos e abraços que ficarão para sempre na mente e no coração. Ora, que graça teria a vida sem o amor, e que amor o seria sem dor? Desde que meu mundo é mundo, pra mim, carrego a sina de amar demais, e como diz a música: “e siempre más feliz quien más amo, y este siempre fue yo...”, sem dúvida, sempre fui eu, e por isso eu deixei a dor partir, me conformei.
                Não posso dizer que não dói mais, mas essa dor o tempo cura, não tem data nem hora marcada, mas eu sei, meu bem, vai passar do mesmo jeito que já passaram tantas e tantas vezes. E não quero dizer que chorar tenha sido a melhor saída pra mim, foi difícil, eu sou duro, sempre tento mostrar uma força sobrenatural com relação a esses acontecimentos da vida, mas chega um dia em que todo o rompante perde o tom, os olhos enfraquecem e a represa de emoções se rompe, deixando escapar tudo que antes estava reprimido.
                Vai ter reconstrução, eu vou me refazer, e a vida vai seguir com ou sem aqueles que eu amo, o mundo não vai parar porque eu perdi uma ou duas pessoas importantes, a vida é mesmo essa estação de trem sem horários fixos e sem destinos certos, uns chegam e outros partem, sem avisos e sem tempo de apresentações e partidas. O mundo vai girar, o tempo vai correr, a vida vai passar e eu não vou ficar parado vendo tudo terminar, eu vou em frente, porque é pra frente que se anda, e é no futuro que meus olhos estão agora.

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