Hoje pela manhã,
ao acordar, sentei-me só ao lado de uma xícara de café puro. Vislumbrei meu
semblante, cansado, pelo reflexo da janela, despi-me de minhas alegrias, e
inventei algum problema, qualquer, para poder viver.
Acendi meu
primeiro cigarro do dia. Fumegando, sentia a brasa queimar, além do papel, o
meu coração, tão dolorido, tão desesperado. O aroma do café misturou-se com
meus devaneios, trazendo um ar de graça a coisas tão torpes que se passam pela
minha cabeça.
O sol começava a
tomar conta da sala de jantar, sentia tudo esquentar, mas meu coração, oh, o
meu coração ficava cada vez mais frio, como se ali dentro só existisse gelo. Nem
a angústia da dor me é capaz de fazer soluçar, tudo passa sem som, sem brilho,
sem palpe.
Passa a vida,
como passa o calor do café. Esfriam os corpos, perfumes se perdem, o sol morre,
a noite fria chega, chega numa manhã quente de janeiro. Abre os olhos. O sol
brilha lá fora. Aqui dentro a lua gélida se faz luminosa, e tão grandiosa.
Lua que outrora
foi sol, que em outros tempos aqueceu o meu amor. Hoje é lua, é dor, é desamor.
Loucura. No mar frio das emoções que tenho agora, vejo meu rosto desfigurado,
quem sabe cansado, atormentado. Vejo reflexos de dor.
Nenhum comentário:
Postar um comentário